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Pesquisadores da UnB estudam causas da demência vascular

Estudo com pacientes idosos no DF visa ajudar a melhorar tratamento e prevenção da doença

Erika Suzuki | SECOM - UnB

Pesquisadores irão investigar causas da demência vascular em idosos a partir de diversas frentes, desde orgânicas até sociais, econômicas, ambientais e emocionais. Foto: Pexels

Em parceria com o Instituto Biocárdios, Universidade de São Paulo (USP) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), pesquisadores da Universidade de Brasília irão investigar as causas da demência vascular. Para isso, pacientes idosos a partir dos 75 anos de idade serão acompanhados no Distrito Federal por um grupo variado de especialistas, como médicos, psicólogos e educadores físicos. O objetivo é avaliar quais fatores são responsáveis pela progressão da doença e o peso de cada um deles no seu desenvolvimento e, a partir do conhecimento aprofundado sobre estes aspectos, melhorar a prevenção e o tratamento.

Este será o estudo mais abrangente sobre a temática no DF. Serão recrutados 1.200 pacientes atendidos diretamente no Instituto Biocárdios e direcionados à instituição a partir da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) e do Hospital Universitário de Brasília (HUB). A expectativa é que os primeiros resultados e publicações associadas sejam apresentados em 2026. O projeto tem fomento da Fundação de Apoio à Pesquisa do DF (FAPDF).

“Antes, achava-se que a demência mais comum entre idosos brasileiros era o Alzheimer, como observado no exterior. Isto talvez se deva a características singulares de um Brasil em desenvolvimento, onde as pessoas simultaneamente padecem de grande estresse e alimentação pobre, ao mesmo tempo em que a população vem experimentando uma longevidade maior. Assim, vive-se por mais tempo mas, infelizmente, carregando mais as consequências das doenças crônicas no corpo”, observa Otávio Nóbrega, professor da Faculdade UnB Ceilândia (FCE) e um dos coordenadores da pesquisa.

“Como contaremos com uma equipe bastante diversificada de pesquisadores, vindos de diferentes áreas de formação, pretendemos ter um olhar ampliado e holístico sobre o paciente, investigando não apenas possíveis causas orgânicas para o desenvolvimento da demência vascular entre as pessoas muito idosas, como também avaliando possíveis contribuições de ordem social, econômica, ambiental e até emocional para o surgimento da doença”, explica.

Professor Otávio Nóbrega é um dos coordenadores do estudo, que se propõe a ser o mais abrangente sobre demência vascular no DF. Imagem: Reprodução/YouTube

Segundo Otávio, diferente de outros estados do país que já possuem literatura com estimativas de casos da doença, dados precisos ainda faltam no DF. "Como o Instituto Biocárdios já atua em Brasília como um centro de excelência no diagnóstico e acompanhamento clínico de pacientes idosos com demência, ele veio, naturalmente, a sediar os estudos", afirma o pesquisador.

Participam da pesquisa os médicos Einstein Francisco de Camargos e Luciana Lilian Louzada, do Centro de Medicina do Idoso do HUB, Alexandre Anderson de Sousa Munhoz Soares e Wladimir Magalhães de Freitas, do Instituto Biocárdios de Cardiologia, além dos professores Benjamin Tabak, da FGV, e Lívia Stocco Sanches Valentin, da USP.

SAIBA MAIS – Diferente do Alzheimer, tipicamente causado por desordens bioquímicas no cérebro que levam ao depósito anômalo de duas proteínas no córtex cerebral (a proteína beta-amilóide e a tau), a demência vascular ocorre quando artérias cerebrais são danificadas, bloqueadas ou enfraquecidas, e impedem o aporte adequado de oxigênio e nutrientes no tecido cerebral. Quando o fluxo sanguíneo é severamente alterado, isso pode levar a uma série de hemorragias ou obstruções, com a consequente morte de neurônios e comprometimento do funcionamento do cérebro.

Perda de memória, dificuldade de planejar e iniciar tarefas e raciocínio lento são alguns dos sintomas. Em casos de danos mais extensos, atividades básicas da vida diária de uma pessoa, como vestir-se, alimentar-se e banhar-se sozinha, podem ser impossibilitadas. Funções da linguagem também podem ser afetadas.

Não existe cura para a demência quando a causa é um problema de circulação sanguínea que já produziu degeneração no cérebro, mas é possível evitar ou retardar seu aparecimento seguindo as mesmas recomendações necessárias para evitar um infarto do coração.

Por isso, recomenda-se tratar pressão alta, diabetes e colesterol alto quando identificados, assim como evitar a todo custo o sedentarismo, a obesidade e o tabagismo. Manter uma vida social ativa é igualmente bastante recomendado.

Fonte: UnB Notícias

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